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Ganhos secundários: Uma luta difícil, mas necessária!


Este é um assunto um pouco delicado de se tratar pois é muito difícil para nós reconhecermos que temos ganhos secundários e mais díficil ainda conseguir abrir mão deles. Quero que entendam que não estou acusando ninguém de não querer melhorar, pois o ganho secundário está presente em várias doenças, não só as de cunho psicológico, e é comum a presença deles, porém nos pacientes com Transtorn de Personalidade, e principalmente no nosso casso, esses ganhos dificultam extremamente nosso progresso, e não se sinta mal por ter esses ganhos e ter uma enorme dificuldade de deixa-los, somos ambiguos, contráditorios por natureza, e já ouvi muitas descrições de Borders que passam por isso, inclusive eu.


Lembro qual foi a primeira que eu ouvi esse termo "Ganhos secundários", era dia de consulta com a minha psiquiatra e eu estavaa sentindo algo totalmente estranho, um lado meu estava feliz pois fazia um tempo que não tinha crise, e isso é bom, afinal é esse nosso objetivo não é? mas por outro lado me sentia pessíma, estava intediada, sentindo falta de alguma coisa. Bom, entrei no consutório da minha médica, e começamos a conversar, então lembro que disse "Sabe é que, pode até parecer estranho, bizarro, por que eu quero melhorar, mais por outro lado, parece coisa de louco, mais eu sinto falta de não estar bem...fica tudo tedioso, normal e é um saco, eu sinto falta, não deveria, mais sinto!", foi então que ela começou a me explicar sobre ganhos secundários, ela me disse que o estar em crise, estar mal, me traz alguns ganhos que é difícil para mim largar, que me traz atenção de pessoas que gosto, que as pessoas querem cuidar de mim, as vezes pessoas que eu admiro muito acabam me dando atenção diante dos comportamentos autodestrutivos que tenho, e me disse que por isso às vezes é tão dificil melhorar, principalmente para o Border que é uma pessoa extremamente carente e tem esses ganhos! Quando começamos a melhorar, ficar mais estáveis, percebemos que esses ganhos vão diminuindo e assim entramos em dessespero por sentimos aquela sensação de abandono, por não sermos alvo de tanto cuidado como antes, e assim vivemos em um ciclo vicioso. Bom, a luta contra esses ganhos secundários são constantes, é díficil abandona-los mas com certeza vale a pena, é dificil inicialmente descobrir como fazer isso, não há infelizmente um formula pronta, acredito que a técnica que mais tenho usado durante meu tratamento é a racionalização e o dialogo interno, quando eu detecto que estou perto de uma crise, principalmente quando sei de alguma forma que o que eu quero são esses ganhos secundários, tento para e pensar, tendo definir primeiro o que estou sentindo, depois o por que estou sentindo, depois como gostaria de me sentir, quais os benefícios de passar desses sentimentos atuais para os que eu gostaria de sentir, e depois penso quais atitudes práticas poderia fazer para me sentir melhor naquele momento (conversar com um amigo ou sair com meus amigos, se o que estou sentindo é falta de atenção, coisas do tipo), se necessário escrevo tudo no papel, parece algo mecânico, mais com o tempo fica mais automático e as vezes não é mais necessário nem escrever, também tento também trazer a memória coisas que contradigam o que estou sentindo, se me sinto sozinha tento lembrar de pessoas que sempre estão comigo, me apoiando. Bom, essa foi uma forma que eu achei, talves não funcione pra todo mundo, mais com o tempo e a busca pela melhora cada um vai descobrindo qual a melhor forma de conseguir combater esses ganhos secundários, mas primeiro deve se adimitir que queremos eles, se não, não conseguimos combate-los . Aqui está um artigo que encontrei explicando um pouco melhor sobre os ganhos secundários:

Para cada situação negativa que mantemos na nossa vida, existem ‘ganhos secundários’. São algumas aparentes vantagens que o nosso inconsciente encontra para nos manter em uma situação de sofrimento. Parece sem lógica, mas é assim que funciona. Vou explicar melhor o processo.


Atendi durante um tempo uma mulher que era advogada, funcionária pública concursada, que estava de licença médica por ter desenvolvido uma depressão. Durante os atendimentos, entre outras questões, ela relatou grande insatisfação com o trabalho dela, que desejava encontrar outra coisa, mas não sabia exatamente o quê. Sentia muito medo de deixar a segurança do salário do emprego público. Pensava, inclusive, em trabalhar como terapeuta, mas ainda não tinha nenhum tipo de preparo. Era apenas um desejo, por enquanto.


O estado depressivo foi rapidamente melhorando com o passar das sessões. E foi aí que surgiu um "problema". Ela sentia que uma parte dela não queria, de forma alguma, se curar para não ter que voltar ao trabalho que a deixava tão insatisfeita. O medo de voltar era grande. A depressão trazia um ganho secundário de mantê-la afastada. Tivemos que aprofundar e trabalhar bastante esse medo para que isso não viesse a sabotar o seu progresso. Eu lembro que ela chegou a ficar muito bem, mas ainda precisava fazer mais sessões. Acabou não entrando mais em contato. Não sei depois se ela voltou a trabalhar.


Certa vez, uma médica que foi aluna de um curso meu relatou o seguinte caso. Ela trabalhava em um posto de saúde e acompanhou um homem que sofria com tuberculose. Ele passou meses frequentando o posto e seguindo à risca o tratamento; acabou ficando curado. Depois que se curou, falou que surgiu uma tristeza e um vazio por saber que não ia mais ter que ir ao posto de saúde e ter contato com as pessoas de lá. Ele se sentia cuidado.


Havia um ganho em se manter doente. Era, certamente, uma pessoa carente de atenção familiar. Em alguns casos, a doença pode se prolongar por muito tempo, pois inconscientemente não queremos nos libertar dela por causa dos "benefícios" que ela nos traz. É possível, então, que esse homem venha a desenvolver alguma outra doença para que possa ser novamente cuidado por alguém.


Esses são casos mais extremos de autossabotagem devido a ganhos secundários. Entretanto, isso não ocorre somente nesses casos mais intensos. Em maior ou menor grau, toda situação negativa que não conseguimos nos libertar, nos traz algum ganho inconsciente. Esses ganhos, às vezes, podem ser fáceis de perceber, mas, em outros casos, podem ser tão estranhos e absurdos que nós não nos damos conta.


Lembro que em um determinado momento da minha vida eu percebi um pensamento muito sabotador na área profissional. Eu vinha crescendo bastante no trabalho com a EFT, como terapeuta e professor da técnica, me libertando de um período de sete anos em que tive uma firma de engenharia que me trouxe enormes prejuízos. De repente, me passou um pensamento: "e se eu realmente me livrar totalmente desses problemas financeiros e crescer a tal ponto de não ter mais que me preocupar com isso?". O que surgiu foi um sentimento de medo, um vazio, uma sensação de que eu ia ficar sem objetivo na vida.


Isso ocorreu porque durante anos da minha o meu maior sofrimento era tentar sair das dívidas, mas eu ficava cada vez mais atolado. O meu grande objetivo era acabar com isso. Minha mente era preenchida com essa "luta". Acabei me apegando a esse personagem que lutava eternamente e não conseguia nada. Resolver a questão financeira seria acabar com esse personagem com quem eu acabei gerando um senso de identificação. Mantê-lo me trazia um aparente ganho: ter um objetivo, uma vida preenchida, por mais doloroso que fosse.


É óbvio que eu poderia preencher a minha vida com coisas mais saudáveis, mas o processo não é racional. Passa por uma lógica inconsciente que nos leva a uma grande autossabotagem.


Uma mulher que se relaciona com um homem que a trai constantemente, ou que bebe muito e é violento, tem sempre ganhos em se manter nessas situações. E são vários os possíveis ganhos. Vamos ver alguns:


?Ser vista como uma mártir, uma pessoa boa, compreensiva e até espiritualizada; ganhar atenção e reconhecimento por isso.


?Manter a identidade da vítima (apego ao personagem) e colocar a culpa do seu sofrimento no marido e, dessa forma, não assumir a responsabilidade de mudar. Assumir a responsabilidade pela própria vida é uma libertação, só traz benefícios. Só que o processo de transição de sair da vítima e cair na real pode ser bem doloroso. Além disso, a quem ela vai culpar se por acaso se separar e, ainda assim, não conseguir ser feliz?


?Com sua baixa autoestima (sentimentos de menos valia, não merecimento devido a culpas e rejeições que vem acumulando na vida); ela tem desejos inconscientes de sofrer e se punir e esse relacionamento preenche essa necessidade.


Vemos, então, que os ganhos secundários em manter um problema podem ser de diversos tipos: receber reconhecimento e atenção; ser cuidado pela família; tirar licença do trabalho e até se aposentar antes do tempo; manter um personagem ao qual estamos muito apegados inconscientemente; preencher a vida com uma causa; culpar os outros pela própria infelicidade e não ter que ver a sua parcela de responsabilidade; punir a si mesmo devido à baixa autoestima etc.


E você? Que situações difíceis você vem mantendo e quais os possíveis ganhos inconscientes. Faça a pergunta para si mesmo, mantenha a mente aberta para o que pode surgir. Talvez você se espante com as respostas. Trazer isso à luz da consciência é bastante importante para se libertar.



André Lima.


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