top of page

Um pouco sobre minha "amiga": Auto-Mutilação.

  • karlacristinaa
  • 22 de mar. de 2015
  • 4 min de leitura

Um dos comportamentos típicos e recorrentes no Borderline é a automutilação, que é definida como qualquer comportamento (não só cortes, como muitos pensam) que envolvem uma agressão direta contra si mesmo, sem a vontade consciente do suicídio (porém, geralmente o borderline não se importa com o fato de que seu comportamento pode levar a ele, é um pensamento do tipo "não é minha intenção, mas não ligo se acontecer ou que isso possa acontecer").


Um estudo realizado na King's College, em Londres, e na Universidade de Melbourne, na Austrália entrevistou 1.943 adolescentes de 44 escolas de todo o estado de Victoria, Austrália, com idade entre 15 e 29 anos. 149 relataram automutilação, as meninas mais do que os meninos. Porém, participantes que relataram autoagressão durante a adolescência não relataram mais automutilação na idade adulta e jovem, mas há continuidade registrada em meninas, mais do que em meninos.[1]


Embora a automutilação se exteriorize de diversas formas, vou me ater as mais "objetivas", e consequentemente contar um pouco da minha história com a automutilação.


Acredito que a forma mais objetiva e evidente de automutilação é o “cutting”, infelizmente essa prática tem se disseminado no meio dos jovens atualmente como uma febre, apesar de muitas vezes a automutilação não estar ligada ao Borderline, pois esse sintoma isolado n ão define a pessoa como Borderline e também faz parte do quadro de outros transtornos, esse é um comportamento típico do Borderline como já dito. Inicialmente essa pratica decorre de uma grande angustia, tortura interior por não se sentir 'suficiente', muitas vezes por não atingir suas expectativas, então na tentativa de alivio a prática do cutting torna-se uma saída, porém acredito que ninguém sabe o que o espera depois do primeiro corte, ninguém sabe como esse comportamento viciante, digo viciante não só no sentido da repetição do ato sem cunho fisiológico, mas é comprovado cientificamente que o flagelo libera endorfina, substância que nos proporciona alívio, assim toda vez que sentimos uma dor emocional grande buscamos nos mutilar a fim de sentir essa sensação de alívio tornando-se um vício.



Geralmente a prática do cutting começa por volta dos 13 a 15 anos. Me lembro até hoje do meu primeiro corte, eu tinha 12 anos, lembro que estava pesquisando algo para escola e vi uma matéria sobre automutilação, nessa matéria também foi a primeira vez que vi o termo "Borderline" (apesar de não me parecer importante na ápoca), começei a ler a matéria e naquela época eu já era um tanto depressiva, apesar de ninguém desconfiar, já fumava, bebia, era louca para experimentar drogas, já tinha um comportamento bem destrutivo, porém ou eu escondia muito bem ou minha mãe estava tão preocupada com o tratamento de alcoolismo do meu pai e com as loucuras que minha irmã fazia que eles nem ao menos notaram nenhum desses comportamentos (acho que essa segunda opção é a mais provável), enfim li a matéria e fiquei pensando se aquilo realmente causava algum alívio, como sempre naquele mesmo dia, ou próximo dele não me lembro, teve uma boa briga em casa (coisa habitual por aqui) e eu estava com tanta raiva, queria desaparece, e explodir ao mesmo tempo, eu entrei no banheiro para tomar banho, lembro de ver o gilete e pensar na matéria, no alívio, então fiz meu primeiro corte e realmente aliviou, ver o sangue escorrer, era como se minha raiva saísse junto com ele. No começo apenas me cortava quando ficava com uma extrema raiva, mas depois se tornou constante, diário, os cortes ficaram mais fundos, em mais partes do corpo, incrivelmente escondi dos meus pais até os 18 anos (eles não eram meeeesmo atentos), nessa época já tinha iniciado tratamento psiquiátrico e já estava tentando parar. Apesar de começar a me cortar com 12 anos, me lembro que desde pequena tive comportamentos agressivos comigo, lembro que quando sabia que fiz algo 'errado' (que meus pais não queriam que eu fizesse) eu ficava com tanto medo, medo de chegar as 11 horas da noite, horário que meu pai chegava em casa, nunca esqueço essa hora, ficava tão aterrorizada que assim que percebia o que fiz eu começava a tacar minha cabeça na parece, me dar socos e me morder sem parar. Bom, a noticia me ensinou sobre o alivio de me cortar, mais ela não me ensinou como parar, tentei muitas vezes parar, mas quando percebia já estava me cortando novamente e assim foi por longos anos. Hoje, depois de muitas tentativas, não me corto mais, fiquei um ano e meio sem me cortar, no incio do ano, infelizmente tive um pequeno deslize, mais me recuperei bem mais rápido, e continuo a cada dia lutando para não cair novamente. Bom enfim, sabemos o que todo especialista fala de como superar a automutilação, tratamento, terapia e psicologo, mas como Border sei que isso não é o suficiente, não é? Então o que eu posso dizer é que o que me ajudou muto foi por objetivos na minha vida, e que se eu não melhorar eu nunca vou atingi-los, vou ficar nesse ciclo sem fim, então coloque objetivos e metas na sua vida, e seja forte, cada vez que você pensar em se cortar, pense em quanto isso vai se distanciar de seus objetivos, pense que isso também pode ter que te fazer dar muitas explicações a pessoas que você não quer, por exemplo hoje olho pra minhas cicatrizes, que pelo jeito não vão sair nunca daqui, e penso "quando tiver meus filhos, vou ter que explicar a ele se ele perguntar sobre elas, mais é menos pior do que ele ver um braço todo cortado e me perguntar onde me machuquei". Pense nos seus objetivos, em algo que você se agarre cada vez que pensar em se cortar, posso te dizer que não será fácil, nem um pouco, e sabe a vontade, acho que to me acostumando que ela nunca vai passar totalmente, afinal ninguém esquece uma sensação que já passou né! mais a vontade, com o tempo, se torna menos constante, e você ficará mais forte pra quando ela aparecer conseguir resistir, cada vez que você não se corta, você fica mais forte para próxima! Espero ter ajudado, nem que seja um pouquinho!

Achei essa matéria interessante, quem quiser dá uma olhadinha =D http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2014/04/21/interna_cidadesdf,423980/conheca-historias-de-pessoas-que-venceram-o-disturbio-da-automutilacao.shtml

Stay Strong - Fiz para me lembrar de FICAR FORTE.

...STAY STRONG - Fiz para me lembrar de FICAR FORTE...

Fontes:

[1] http://vilamulher.com.br/familia/filhos/automutilacao-meninas-jovens-sao-as-maiores-vitimas-29684.html


 
 
 

Comments


Posts Recentes
Procure por Tags
SIGA
  • Facebook Clean
  • Twitter Clean
  • Instagram Clean
  • YouTube Clean
  • RSS Clean
bottom of page